22 dezembro 2008

estar à espera

Lembro-me neste tempo d'outrora.
Quando chegavas, sentavas-te à mesa, à espera! E sem nada para dizer, observavas todos os que se movimentavam em teu redor e em tudo aquilo que ia acontecendo por festivo. Não dirigias a palavra aos presentes, fazendo perguntas ou iniciando uma única conversa. Esperavas simplesmente e sempre primeiro, que te dissessem alguma coisa, para depois dares como resposta o que já todos estavam à espera: um sim ou um não ou uma qualquer breve resposta. Estavas ali e esperavas que algo viesse a acontecer, sem te intrometeres ou deixares que se intrometessem nesse teu sentido de um qualquer observatório. E porque mágicos, o teu olhar, presença e aura eu não dispensava, sentia-me bem sentar-me a teu lado a tentar ver o que vias através de todo esse teu silêncio. O jantar, a família, as filhós e os filhos teus sobrinhos, estavam por ali a fazerem parte desse teu tempo de espera. E o que sempre restava nesses dias que nos acompanhavas, seria à espera de um inclusivo tempo. O tempo d'outrora que me farás eternamente recordar ao calor em afecto ou em chama que me chamas. Tempo que não procurei entender, enquanto connosco estavas e por me fazeres sentir bem , assim como eras: sem mais nada! A saber agora que esse nada, foi o muito que sempre me soubeste dar, lado a lado com um mesmo silêncio que nos felicita à espera.